quarta-feira, 5 de maio de 2010

A POLITICAGEM É CAPAZ DE SEPARAR BONS AMIGOS E UNIR INIMIGOS.

    Como todos sabem, a politicagem é a política mesquinha, a política de interesses pessoais: a má política. Não é de hoje que os partidos buscam alianças pelos interesses de suas cúpulas e não pelos ideais republicanos que os fizeram surgir. Porém, é nessa época que, ao invés da política ser prestigiada, a politicagem ganha força.

    Veja-se que a política, aquela arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos, que deveria ser praticada por todos nós, perdeu espaço para a politicagem. Não há mais alianças em prol dos interesses da coletividade, mas sim por interesses pessoais. Os partidos perderam seus ideais republicanos em troca de cargos, de favores, de prestígio. Quem hoje é um adversário ferrenho, amanhã acaba se unindo ao adversário, mas não para compartilhar de um mesmo projeto, e sim porque lhe é conveniente ou porque obteve algum cargo para um "aliado político". Não há mais partido político em que se possa confiar. Todos chegaram ao mesmo lugar: o fundo do poço.

    É incrível como o poder é capaz de seduzir e transformar as pessoas. Rousseau já dizia que "o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe." Há um ditado que diz "para conhecer uma pessoa, basta lhe dar poder." Infelizmente a grande maioria dos políticos que temos por aí são assim. Prometem ser diferentes dos que estão no poder, mas é só se elegerem que se esquecem de quem foram.

    Políticos que num passado não tão distante travavam disputas acirradas em calorosos debates, hoje dividem o mesmo palanque, com rasgados elogios. Basta prestarmos atenção aos noticiários para vermos partidos políticos que se diferenciavam pela qualidade de seus militantes, por ideais revolucionários, planos de governo bem definidos, hoje são tidos como iguais; iguais em ideias, em posições, em tudo.

    Exemplo disso foi o que recentemente ouvi do professor Eduardo Carrion, no programa Conversas Cruzadas da TVCOM, ao falar que "os partidos políticos não se unem mais por um plano de governo conciso, um plano de projetos concretos, mas sim para aumentarem o espaço de rádio e televisão, no qual não são apresentadas propostas firmes e exequíveis, mas sim um marketing político". Esse marketing político, a meu ver, preocupa-se somente em lapidar os candidatos com se fossem um diamante, esquecendo de mostrar as soluções para os crescentes problemas estruturais dos governos e as mazelas da população.

    Bem ou mal, a verdade é que não há mais políticos decididos e com posições firmes como nos tempos Flores da Cunha, Getúlio Vargas, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Pedro Simon e tantos outros exemplos. Nos partidos políticos da "nova geração", os bons amigos estão se afastando em prol da união dos inimigos.

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